domingo, 5 de agosto de 2012

Meninos de Deus


Menino da rua
Menino de Deus
Dos deuses de cimento
De pés de barro

De pés descalços
Meado das vias
Menino dos velhos
Velho nos olhos

De biscates
De balas
Seu moço

Da fome vadia
Do cruzamento qualquer
A vida à revelia

O medo no peito
O sonho no dia
Que a noite apagou.


Erica

Corvos


Tem dois corvos na mesa
Tem dois corvos de mangas negras
Na mesa, bebendo

Tem dois corvos de asas curtas
Tem dois corvos

Um está fumando
O outro alucinando

Tem dois corvos na mesa verde.
Os corvos não saíram voando

Eles ainda estão
Em seus agouros
Na mesa,
Gesticulando.

Eles não vieram me buscar
Mas estão perto de mim
De minhas divagações absurdas
De minha dor estranha
Serei eu o terceiro corvo?

                                             Erica.

Amor Vermelho


Amor laico

Amor bruxo

Amor incompreendido

Amor sentido

Por todos os sentidos

Amor esculpido

Flutuante

Amor proibido

Vazando pelos poros

Amor que jorra

Amor acalento

Amor doce

Borbulhante

Amor sem reflexão

Reflexo puro

Da explosão

Amor lacerante

Em pinceladas

No olhar

Feitiço

Luz.
                                                                   Erica 

Golpe de Vista


De lá prá cá
De cá prá lá
De cá lá prá
Te olhar
                         Erica

Melodias


Notas dissonantes
De um incessante amor
Notas incessantes
De dissonante amar
O encontro no tempo
Nas pistas sem roteiro
Dança o ritmo inconsciente
Sob o tom agudo, espreguiçado e doído
da esperança
Que atravessa.

                                               Erica. 

SMS a um moço bonito


Não fale,
não pense;
Respire,
respire de novo,
sinta o intervalo...
Flui minha alma por trás de meus disfarces múltiplos
frágeis e tolos disfarces,
enfim...
(impossível não ser insistente!!)
É gostoso, é sorriso,
é único, é querido,
obrigada.
A brisa me sopra agora.
o vento move as águas abaixo,
me movimentam.
Teu beijo está em minha boca,
Em minha pele.
Não me entenda errado querido,
é muito bom assim.

                                       Erica Lorenz

SSB II

A casa dorme,
O ar viaja fresco por meu corpo
A noite acompanha silenciosa
A lua desvelando sua escuridão...
Toco a grama, passeio minha mão,
Saudade do teu olhar,
Vislumbro você,
Inspiro, minha pele é leve, meu corpo quente
Imagino a seiva úmida brotando do teu amor
Adormeço.


                                          Erica

São Sebastião I


Arrepiando em rodopios,
A alma ascende apertada em forma de perlage
Transbordando nos olhares de criança
Em anseio de um porvir.

Aprochego nada casual
O sol resplandece na pele
E desliza carinhos feitos de gotas de suor

As ondas guardam os gestos contidos
Que emanam ao som de Vênus sobre as águas,
A lua dorme enfim nos lábios
Quando então o sorriso desperta
Em brisa pelos teus cabelos.
 
                                                                  Erica.
E

Sem título


Falemos na loucura
Pura
Falemos no abstrato
Relapso
Falemos no amor
Que tenho por você.
 
                                    Erica

Cobiça


Alegria perigosa
Te olhar...

Escrever é brincar
Com os sentidos
sem sentido
Da vida

É alquimia
E por tantas vezes
Fantasia

Palavras se enroscam
E criam por sua vez
Sua vez

E voa solto
O que foi sentido
Nos sentidos,

E não é mais o escritor
Mas a escrita quem escreve
Para o sentido único
De cada um.  
                                              
                                                  Erica